Hoje queremos acompanhar Cristo
na Cruz. Recordo umas palavras de São Josemaria, numa Sexta-Feira Santa.
Convidava-nos a reviver pessoalmente as horas da Paixão: desde a agonia de
Jesus no Horto das Oliveiras até à flagelação, a coroação de espinhos e a morte
na Cruz. Dizia: “atada a onipotência de Deus por mão de homem levam o meu Jesus
de um lado para outro, entre os insultos e os empurrões da multidão”.
Cada um de nós pode se ver no
meio daquela multidão, porque foram os nossos pecados a causa da imensa dor que
se abate sobre a alma e o corpo do Senhor. Sim: cada um de nós leva Cristo,
convertido em objeto de troça, de uma a outra parte. Somos nós que, com os
nossos pecados, reclamamos aos gritos a sua morte. E Ele, perfeito Deus e
perfeito Homem, deixa-nos agir. Tinha-o predito o profeta Isaías: maltratado,
não abriu a sua boca; como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante
os tosquiadores.
É justo que sintamos a
responsabilidade dos nossos pecados. É lógico que estejamos muito agradecidos a
Jesus. É natural que procuremos a reparação, porque às nossas manifestações de
desamor, Ele responde sempre com um amor total. Neste tempo da Semana Santa,
vemos o Senhor mais próximo, mais semelhante aos seus irmãos os homens...
Meditemos umas palavras de João Paulo II: “Quem crê em Jesus crucificado e
ressuscitado leva a Cruz como um triunfo, como prova evidente de que Deus é
amor... Mas a fé em Cristo nunca se pode dar por pressuposta. O mistério
pascal, que reviveremos nos dias da Semana Santa, é sempre atual” (Homilia,
24-III-2002).
Peçamos a Jesus, nesta Semana
Santa, que desperte na nossa alma a consciência de ser homens e mulheres
verdadeiramente cristãos, para que vivamos de cara a Deus e, com Deus, voltados
a todas as pessoas.
Não deixemos que o Senhor leve a
Cruz sozinho. Acolhamos com alegria os pequenos sacrifícios diários.
Aproveitemos a capacidade de
amar, que Deus nos concedeu, para concretizar propósitos, mas sem ficarmos num
mero sentimentalismo. Digamos sinceramente: Senhor, nunca mais! Nunca mais!
Peçamos com fé para que nós e todas as pessoas da terra descubramos a necessidade
de ter ódio ao pecado mortal e de repelir o pecado venial deliberado, que
tantos sofrimentos causaram ao nosso Deus.
Que grande é o poder da Cruz!
Quando Cristo é objeto de riso e de escárnio para todo o mundo; quando está no
Madeiro sem querer arrancar os cravos; quando ninguém daria nem um centavo pela
sua vida, o bom ladrão – um como nós – descobre o amor de Cristo agonizante, e
pede perdão. Hoje estarás comigo no Paraíso. Que força tem o sofrimento, quando
se aceita junto de Nosso Senhor! É capaz de tirar – das situações mais
dolorosas – momentos de glória e de vida. Esse homem que se dirige a Cristo
agonizante, encontra a remissão dos seus pecados, a felicidade para sempre.
Nós temos de fazer o mesmo. Se
perdermos o medo da Cruz, se nos unirmos a Cristo na Cruz, receberemos a sua
graça, a sua força, a sua eficácia. E encher-nos-emos de paz.
Ao pé da Cruz descobrimos Maria,
Virgem fiel. Peçamos-lhe, nesta Sexta-Feira Santa, que nos empreste o seu amor
e a sua força, para que também nós saibamos acompanhar Jesus. Dirigimo-nos a
Ela com umas palavras de São Josemaria, que ajudaram milhões de pessoas. Diz:
Minha Mãe (tua, porque és seu por muitos títulos), que o teu amor me ate à Cruz
do teu Filho; que não me falte a Fé, nem a valentia, nem a audácia, para
cumprir a vontade do nosso Jesus.
(Fonte: Opus Dei)
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