terça-feira, 31 de julho de 2012

Anna Catharina Emmerich: grande mística da Igreja


A Beata Anna Catarina Emerich, nascida na Alemanha em 1774, com certeza pode ser considerada uma das grandes místicas da Igreja.
Desde a mais tenra idade já via seu Anjos da Guarda, o Menino Jesus e a Virgem Maria, mas, pensando que todas as outras crianças tinham as mesmas visões, não tocava no assunto com medo de ferir a modéstia.
Certa vez, aconteceu-lhe:
Estava de joelhos na Igreja dos padres Jesuítas, em Coesfeld, meditando e rezando diante de um crucifixo.
“Então vi, conta ela mesma, vindo do Tabernáculo, onde se guardava o Santíssimo Sacramento, o meu Esposo celeste em forma de um jovem resplandecente. Na mão esquerda trazia uma grinalda de flores, na direita uma coroa de espinhos; apresentou-as, ambas, para eu escolher. Tomei a coroa de espinhos, Ele a pôs na minha cabeça e eu a apertei com ambas as mãos; depois desapareceu e voltei a mim, sentindo uma dor veemente em torno da cabeça.
No dia seguinte a minha testa e a fontes, até as faces estavam muito inchadas e sofria horrivelmente. Essas dores e a inflamação voltaram muitas vezes. Não notei sangue em volta da cabeça, até que as minhas companheiras me induziram a vestir outra touca, porque a minha já estava cheia de manchas vermelhas, ferrugentas.”
Quando jovem, tornou-se religiosa. O convento onde residia, porém, fora mais tarde fechado, obrigando-a a retornar à sua cidade natal.
Dotada de muitos dons, levava uma vida de intensa penitência.
Recebeu os estigmas do Senhor nas mãos, pés e no lado, que lhe causavam terríveis dores.
Além disso, não podia tomar outro alimento senão a Sagrada Comunhão.
No entanto, Anna é conhecida no mundo inteiro pelas extraordinárias visões com as quais foi agraciada: inúmeros trechos do Antigo Testamento, o nascimento da Igreja, a vida de diversos santos, acontecimentos futuros e, principalmente, toda a vida de Nosso Senhor e da Virgem Maria, as quais descreve com riqueza de detalhes.
Muitas de suas visões deram origem às cenas do filme “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson.
Clemente Brentano, um poeta da época, foi designado por Deus para visitar Anna e transcrever suas visões. A mística fazia questão de revisar todas as anotações.
Quando estava num profundo êxtase, a 18 de Dezembro de 1819 e Brentano lhe apresentou uma folha, com as anotações, disse ela:
“Estes são papéis de letras luminosas. O homem (isto é, Brentano) não escreve de si mesmo; tem para isto a graça de Deus. Nenhum outro pode fazê-lo; é como se ele mesmo visse”.
Em 9 de fevereiro de 1824, faleceu em odor de santidade e foi beatificada pelo Papa João Paulo II no ano de 2004.
A leitura dos fortes relatos da Paixão do Senhor e das visões de Anna Catharina é muito salutar à alma cristã, pois torna viva a imagem dos sofrimentos de Cristo.
Abaixo, transcrevemos alguns trechos de um exorcismo realizado pelo Pe. Gabrielle Amorth, onde o demônio, obrigado pela Santíssima Virgem, fala sobre os escritos de Anna Catharina Emmerich:

Exorcista - Fala Belzebú, em nome da Santíssima Trindade! 
Demônio - A propósito do começo da Igreja devo acrescentar que embora os Evangelhos pouco contenham sobre a Santíssima Virgem, mais tarde, inspirados pelo Céu, em visões e revelações, grandes Santos lançaram muita luz sobre a vida e obra d'Essa que está lá em cima (aponta para cima).
Um dos maiores é a Catarina Emmerich, que nem sequer ainda foi canonizada (ri maldoso). Ela não foi só uma das almas mais sofredoras, mais humildes, mais missionárias, como é também uma das maiores Santas do Céu.
[...]
Esta Catarina Emmerich teve de falar para a Igreja, fez vaticínios sobre a Igreja e sofreu e rezou muito por ela. Já em pequenina, a sua capacidade de sofrimento era enorme. Nós tínhamos-lhe um ódio terrível. Tão pequenina e já fazia Via Sacra, e imitava à letra a humildade d'Aquela que está lá em cima... Ah!... e a cruz, cruz também, tal como Aquela, que está lá em cima.
Foi uma grande Santa. Nós receávamo-la muito e, por isso mesmo, queríamos destruí-la, mas não o conseguimos. Ela safava-se sempre, embora tivesse sofrido doenças mortais, que oferecia sempre pelos outros, para que eles pudessem obter ainda a graça de se converterem. Só morreu quando Aqueles lá em cima (aponta para cima) verdadeiramente o quiseram, pois foram Eles que acolheram a sua alma venerável, a sua alma santa... porque ela era uma Santa... no Céu. Há no Céu muitos santos, quero dizer muitos Santos canonizados por Roma, que são menos santos e menores que ela. Ah! Como é horrível ser obrigado a confessá-lo! 
[...]
Se ela for canonizada, pensamos nós, então os seus livros serão conhecidos. Enquanto não o for, os seus livros não serão tão bem aceitos. É por isso que os Bispos não querem ouvir falar deles. Talvez um ou outro já os tenha lido, mas isso são fatos isolados, sem conseqüências.
Devo ainda acrescentar que ela é uma Santa poderosa no Céu(chora). Há muito que os seus livros deviam ter sido difundidos pelo mundo inteiro. É preciso que vós também o proclameis do alto dos púlpitos. E agora não digo mais nada, mais nada (gane como um cão).
[...]
Deve-se falar às pessoas dos seus livros e das suas numerosas visões e revelações. É preciso que o façais por amor à dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela desejava-o e o próprio Jesus o deseja também.
[...]
Catarina Emmerich teve visões sobre a Dolorosa Paixão de Jesus para que ela fosse conhecida dum modo mais direto e mais profundo, pois os Evangelhos não relatam senão fragmentos. Embora os Apóstolos tivessem conhecido mais pormenores, resumiram-na muito. Nas visões desta grande Santa há partes sintetizadas e resumidas que são horrivelmente extensas para nós. Aprende-se, por exemplo, a maneira de conseguir um arrependimento perfeito, que desempenha um papel primordial na confissão. Aprende-se a não ofender tanto o Senhor, que tanto sofreu. Os seus padecimentos são descritos duma maneira mais profunda do que em qualquer outro livro (rosna). Estes livros deveriam figurar em todas as livrarias, sobretudo nas católicas, que os deveriam possuir em quantidade, e não apenas um exemplar.


segunda-feira, 30 de julho de 2012

O que são os sacramentais?


Muito ao nosso alcance e de grande benefício espiritual, está a riqueza dos sacramentais.
“Chamam-se sacramentais os sinais sagrados instituídos pela Igreja cuja finalidade é preparar os homens para receberem os frutos dos sacramentos e santificarem as diferentes circunstâncias da vida”(CEC 1677).
 “Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas oferecem aos fiéis bem-dispostos a possibilidade de santificarem quase todos os acontecimentos da vida por meio da graça divina que deriva do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo” (CEC 1670).
A palavra sacramental significa “algo semelhante a um sacramento”, mas há uma grande diferença entre um e outro. Os sacramentos (batismo, crisma, eucaristia, confissão, unção dos enfermos, ordem e matrimônio) foram instituídos diretamente por Jesus Cristo para dar a graça santificante às nossas almas. Por meio deles, obtemos a graça santificante que apaga o pecado ou, então, aumentamos a graça que já possuímos. Já os sacramentais não conferem a graça em si, à maneira dos sacramentos, mas são caminhos que conduzem a ela, ajudando a santificar as diferentes circunstâncias da vida. Os sacramentais despertam nos cristãos sentimentos de amor e de fé.
Mas, quais são os sacramentais ?
Por serem numerosos, muitos teólogos reduzem a seis grupos:

1.Orans (Orante): algumas orações, tais como o Pai-Nosso e as orações que, publicamente, costuma rezar a Igreja: as Ladainhas, por exemplo.
2.Tinctus (Molhado): o uso da água benta; certas unções que se usam na administração de alguns sacramentos e que não pertencem à sua essência.
3.Edens (Comido); indica o uso do pão bento ou outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote.
4.Confessus (Confessado): quando se reza o Confiteor, individual ou publicamente. – Ou seja, rezando o Confiteor para pedir perdão a Nosso Senhor por tantas falhas que cometemos , sem lembrar-Se mais da falta, Ele, já neste ato, nos cumula de graças.
5.Dans (Dado): esmolas espirituais ou corporais, bem como os atos de misericórdia, prescritos pela Igreja. – Acima das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao próximo. Além desse ato ser um sacramental, adquirimos uma série de méritos pela caridade fraterna e pelas outras virtudes que a acompanham.
6.Benedicens (Bendizente): as bênçãos que dão o Papa, os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de reis, abades ou virgens e, em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.

Quantas graças, quantas dádivas da Santa Igreja à nossa disposição!
Os efeitos que produzem ou podem produzir os sacramentais dignamente recebidos são muitos. Em geral:

    I.Obtêm graças atuais, com especial eficácia, pela intervenção da Igreja( ex opere operandis Ecclesiae).
    II.Perdoam os pecados veniais por via de impetração, enquanto que, pelas boas obras que fazem praticar e pela virtude das orações da Igreja, excitam-nos aos sentimentos de contrição e atos de caridade.
    III.Às vezes, perdoam toda pena temporal, atinente aos pecados passados, em virtude das indulgências que costumam acompanhar o uso dos sacramentais. Por exemplo, a água benta.
    IV.Obtêm-nos graças temporais, se convenientes para nossa salvação. Por exemplo, saúde corporal, defesa contra as tempestades, uma viagem bem-sucedida, etc.

Embora os efeitos dos sacramentais não dependam, principalmente, da disposição com que são administrados ou recebidos, é necessário estar na graça de Deus para receber as graças atuais dos sacramentais com maior eficácia.


domingo, 29 de julho de 2012

Evangelho Dominical - 17° Domingo do Tempo Comum (Ano B)


Evangelho: João 6,1-15

Salta à vista o tema do pão na liturgia de hoje: ele aparece claramente na primeira leitura e no evangelho e, de modo implícito, está presente também no salmo. Na tradição bíblia, o pão recorda duas coisas importantíssimas. Lembra-nos, primeiramente, que não somos auto-suficientes, não possuímos a vida de modo absoluto: devemos sempre renová-la, lutar por ela. O homem não se basta a si próprio; precisa do pão de cada dia. E aqui, um segundo importante aspecto: o homem não pode, sozinho, prover-se de pão: é Deus quem faz a chuva cair, quem torna o solo fecundo, quem dá vigor à semente. Assim, a vida humana está continuamente na dependência do Senhor. Portanto, meus caros, todos necessitamos do pão nosso de cada dia – e este é dom de Deus. “O que tens tu, ó homem, que não tenhas recebido? E, se recebeste, do que, então, te glorias?”
Desse modo, caríssimos irmãos em Cristo, Jesus, ao multiplicar os pães, apresenta-se como aquele que dá vida, que nos sacia com o sentido da existência – sim, porque não há vida de verdade para quem vive sem saber o sentido do viver! – Dá-nos, Jesus a vida física, a vida saudável, mas dá-nos, mais que tudo, a razão verdadeira de viver uma vida que valha a pena!
Mas, acompanhemos com mais detalhes a narrativa do Quarto Evangelho. Jesus, num lugar deserto, estando próxima a Páscoa, Festa dos judeus, manda o povo sentar-se sobre a relva verde, toma uns pães e uns peixes, dá graças, parte, e os distribui… multiplicando os pães e os peixes. Todos comeram e ficaram saciados. Não aparece no evangelho deste Domingo, mas sabemos, pela continuação do texto de São João, que o povo, após o milagre, foi à procura do Senhor e ele recriminou duramente a multidão: “Vós me procurais não porque vistes os sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados!” Que sinal o povo deveria ter visto? Recordemos que no final do trecho que escutamos no evangelho o povo exclama: “Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”. Eis: o povo até que começou a discernir o sentido do milagre de Jesus; mas, logo depois, fascinado simplesmente pelo pão material, pelas necessidades de cada dia, esquece o sinal. Insistimos: que sinal? Primeiro, que Jesus é o Novo Moisés, aquele profeta que o próprio Moisés havia anunciado em Dt 11,18: “O Senhor Deus suscitará no vosso meio um profeta como eu”. Pois bem: como Moisés, Jesus reúne o povo num lugar deserto, como Moisés, sacia o povo com o pão… Mas, Jesus é mais que Moisés: ele é o Deus-Pastor que faz o rebanho repousar em verdes pastagens (“Havia muita relva naquele lugar… Jesus mandou que o povo se sentasse…”) e lhe prepara uma mesa. Era isso que o povo deveria ter compreendido; foi isso que não compreendeu…
E nós, compreendemos os sinais de Cristo em nossa vida? Somos capazes de descortinar o sentido dos seus gestos, seja na alegria seja na tristeza, seja na luz seja na treva? Os gestos de Jesus na multiplicação dos pães é também prenúncio da Eucaristia. Os quatro gestos por ele realizados – tomou o pão, deu graças, partiu e deu – são os gestos da Última Ceia e de todas as ceias que celebram o sacrifício eucarístico do Senhor: na apresentação das ofertas tomamos o pão, na grande oração eucarística (do prefácio à doxologia – “Por Cristo, com Cristo…”) damos graças, no “Cordeiro de Deus” partimos e na comunhão distribuímos. Eis a Missa: o tornar-se presente dos gestos salvíficos do Senhor, dado em sacrifício e recebido em comunhão.
Vivendo intensamente esse Mistério, nos tornamos realmente membros do corpo de Cristo, que é a Igreja. Cumprem-se em nós, de modo real, as palavras do Apóstolo: “Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos”. Eis, caríssimos! Que o bendito Pão do céu, neste sinal tão pobre e humilde do pão e do vinho eucarísticos, nos faça compreender e acolher a constante presença do Senhor entre nós e nos dê a graça de vivermos de verdade a vida de Igreja, sendo um sinal seu no meio do mundo. Amém.

 (D. Henrique Soares da Costa)


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Vai sentar-te no último lugar!


“Se o conhecimento de nós mesmos gera o temor de Deus, e o conhecimento de Deus o amor de Deus, a ignorância de nós mesmos produz o orgulho, e a ignorância de Deus conduz ao desespero. O orgulho se enraíza na ignorância de nós mesmos, uma vez que um pensamento falso e enganador nos leva a imaginar-nos melhores do que somos. Porque o orgulho, raiz de todo pecado, consiste em sermos, aos nossos próprios olhos, maiores do que somos aos olhos de Deus, e na verdade.
Se soubéssemos claramente em que lugar Deus coloca cada um de nós, deveríamos conformar-nos a esta verdade, sem jamais nos colocarmos acima ou abaixo de tal lugar. Mas, na vida presente, os decretos de Deus estão envoltos em sombras e sua vontade, oculta: ninguém pode saber se é digno de amor ou desagrado. Por isto, é mais acertado, segundo o conselho da própria Verdade, escolher o último lugar, de onde irá tirar-nos, com honra para nós, a fim de dar-nos um lugar melhor. Isto é mais conveniente do que escolher um lugar elevado, do qual tenhamos de descer envergonhados.
Se passamos por uma porta cuja trave é muito baixa, podemos abaixar-nos quanto quisermos sem nada recear; mas se acaso nos erguemos, ainda que de um dedo apenas, acima da porta, bateremos com a cabeça. Assim não devemos temer um excesso de humildade, mas recear e detestar o menor movimento de presunção. Não vos compareis, nem aos que são maiores, nem aos que vos são inferiores, nem aos outros, nem a ninguém. Que podeis saber a respeito? Este homem, que vos parece o mais vil e o mais miserável de todos, cuja vida criminosa e particularmente repugnante vos horroriza, pensais poder desprezá-lo; não apenas em comparação convosco, que imaginais viver na sobriedade, na justiça e na piedade, mas também em comparação com todos os criminosos, como se fosse necessariamente o pior dentre eles. Tendes a certeza de que não estará um dia num lugar melhor que o vosso, e de que já não seja, desde agora, melhor aos olhos de Deus?
Por conseguinte, Deus não quis que tomássemos um lugar médio, nem mesmo o penúltimo; ele disse: «Vai sentar-te no último lugar!» (Lc 14, 10), a fim de estares sozinho no derradeiro lugar. Pois então não pensarás, já não digo em te julgares melhor, mas nem mesmo em te comparares com quem quer que seja. Eis o grande mal que resulta da ignorância de si mesmo: o orgulho, origem de todo pecado”.

(São Bernardo de Claraval)


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Inaugurado o Clube de Leitores CATÓLICOS


Nesta quarta-feira foi inaugurado na sede do Grupo CATÓLICOS o Clube de Leitores CATÓLICOS, um sistema de empréstimos de livros.
A ideia do Clube surgiu durante as reuniões do REC, que acontecem todas as quartas-feiras na sede do grupo.
O Clube de Leitores já conta com um acervo de mais de 90 títulos e a proposta é o compartilhamento de livros católicos entre associados. Muito mais útil que deixar um livro mofando nas estantes de casa é possibilitar que outras pessoas o leiam!
O Clube possui livros próprios (doados), assim como os que foram temporariamente cedidos para empréstimo pelos próprios membros.
A mensalidade do Clube tem o valor de R$ 5,00 (dinheiro que será destinado à aquisição de novos livros).
Visite nossa sede e conheça nosso Clube de Leitores!


terça-feira, 24 de julho de 2012

Blog Revista CATÓLICOS concorre ao prêmio Top Blog 2012: vote!


Nosso blog disputa este ano o Prêmio Top Blog na categoria Religião.
Não deixe de votar, é muito simples e rápido!
Para votar, basta clicar no link: 
Cada usuário pode votar três vezes: por Email, Facebook e Twitter (pode-se votar uma vez em cada uma dessas formas).
Contamos com a ajuda de todos vocês que acompanham nosso blog!
Um grande abraço!


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por que a Bíblia católica é diferente da Bíblia protestante?


A bíblia protestante tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores,  rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.A razão disso vem de longe.
No ano 100 da era cristã os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definirem a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começava a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os Judeus não aceitaram.Nesse Sínodo os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte: 
1- deveria ter sido escrito na Terra Santa;
2- escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;
3- escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
4- sem contradição com a Torá ou lei de Moisés. 
Esses critérios eram nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados antes. 
Acontece que em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma forte colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. Os judeus de Alexandria, através de 70 sábios judeus, traduziram os livros sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu assim a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta. E essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. 
Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico.
O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos  cristãos. 
Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9;  Rom 13,1 a  Sb 6,3;  Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11;  Mt 11,29s a Eclo 51,23-30;  Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42;  Ap 8,2 a Tb 12,15. 
Nos séculos II a IV houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Finalmente, a Igreja ficou com a Bíblia completa da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros
Por outro lado, é importante saber também que muitos outros livros que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute. 
Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (Patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.  
Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus; Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.  
Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo.
Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha. 
No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel. 
Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos. 
Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. 
Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas  e  se fazem sem cessar, atuantes. Assim o Deus  que outrora  falou, mantém um permanente  diálogo com  a  Esposa  de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva os fiéis à verdade toda e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (DV,8). 
Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o Índice dela. Assim, este só pôde ter sido feito pela Tradição  Apostólica oral que de geração em geração chegou até nós. 
Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. 



domingo, 22 de julho de 2012

Evangelho Dominical - 16° Domingo do Tempo Comum (Ano B)


Evangelho: Mc 6,30-34

Se pensarmos bem, caríssimos em Cristo, tudo quanto a Igreja tem para dizer ao mundo é Jesus: ele é a Palavra viva do Pai, ele é o Salvador e a Salvação, é a ele que a Igreja dirige continuamente o olhar e o coração, para contemplá-lo, escutá-lo e nele beber das fontes da vida e da paz! Pois bem: é de Jesus que a Palavra santa hoje nos fala – de Jesus Bom Pastor!
Em Israel, pastores do povo eram seus dirigentes: reis, aristocracia, sacerdotes, escribas, profetas. Infelizmente, de modo freqüente, esses eram pastores maus e infiéis, pois não faziam o que era de se esperar de quem apascenta: não amavam o rebanho, dele não cuidavam, com ele não se preocupavam. Faziam como os políticos brasileiros de agora, esses mesmos que irão mostrar a cara lisa no programa eleitoral gratuito, enganando, mentindo e fazendo-se passar por bons, sem, no entanto, terem outra preocupação que o próprio bem-estar e os próprios poder e prestígio… Dos maus pastores, Santo Agostinho dizia que procuram somente o leite e a lã das ovelhas, sem com elas se preocuparem. O leite simboliza os bens materiais; a lã, o prestígio e os aplausos. Pobres ovelhas, o povo brasileiro, que mais uma vez serão assaltadas por cruéis ataques de pastores maus: mensaleiros, sanguessugas e gatunos de todos os níveis e especialidades. Que Deus ajude esse povo a discernir políticos de politiqueiros e os poucos preocupados com o bem comum, dos muitos ocupados com o próprio bem!
Contudo, não devemos esquecer de modo algum que os pastores do povo de Deus, que é a Igreja, são os ministros de Cristo: Bispos, padres e diáconos. A eles também o Senhor repreende neste hoje e a eles exorta a que se convertam e sejam pastores de verdade. Mas, quem é pastor de verdade na Igreja? Quem se deixa plasmar pelo verdadeiro Pastor, pelo único Pastor, aquele que é a própria justiça, a própria santidade de Deus: “Este é o nome com que o chamarão: ‘Senhor, nossa Justiça’”. Falamos de Jesus Cristo.
Ante os maus pastores da Israel, que infestaram todo o tempo do Antigo Testamento, o Senhor prometeu, da Casa de Davi, um novo pastor: “Eis que virão dias em que farei nascer um descendente de Davi; reinará e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra”. Aqui Deus fala do Messias; e esse Messias é a própria presença de Deus apascentando o seu povo: “Eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão”. Eis, portanto: um messias, presença do próprio Deus, Pastor do seu povo, cuidador do seu rebanho… É precisamente assim que o evangelho de hoje nos apresenta Jesus: “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”. Que imagem sublime, que cena tão doce! Jesus cansado, pensando em algo tão humano, tão legítimo: um dia de descanso em companhia dos Doze. E quando chega ao local escolhido para o merecido repouso, lá estava a multidão cansada e acabrunhada, sedenta de luz, sedenta de vida, sedenta de verdes pastagens, desorientada, como ovelhas sem pastor… E Jesus, Bom Pastor, esquece de si mesmo, deixa de lado seu cansaço e, cheio de compaixão, vai cuidar das ovelhas… Por isso mesmo, ele é o Pastor por excelência, o Belo, Perfeito, Pleno Pastor! Ele ama o rebanho, preocupa-se com ele, dele se compadece e por ele vai dando, derramando, diariamente, a própria vida. Nunca se viu Jesus poupar-se, nunca se testemunhou Jesus fazendo um milagre em benefício próprio, nunca se apanhou o Senhor buscando algum favor para si. Não! Toda a sua vida foi vida vivida para o rebanho por amor ao Pai, vida dada, vida doada, entregue de modo total… até a morte e morte de cruz. Tem razão São Paulo, quando diz aos Efésios, na segunda leitura de hoje: “Agora, em Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato é a nossa paz!” Eis, caríssimos! O Bom Pastor, entregando a vida pela humanidade, nos atraiu, abrindo um novo caminho, suscitando uma nova esperança para judeus e pagãos, reunindo-os todos no seu aconchego, no seu coração de Pastor, dando-nos a paz e fazendo de nós a sua Igreja!
Igreja aqui reunida, em torno deste Altar, tu nasceste da dedicação do teu Pastor; tu és fruto da sua vida entregue amorosa e dolorosamente! O Apóstolo afirma, de modo profundo e comovente que Cristo “quis reconciliá-los, judeus e pagãos, com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz; assim ele destruiu em si mesmo a inimizade”. Prestai bem atenção: na carne de Cristo, no corpo ferido de Cristo, na vida dilacerada de Cristo, deu-se a nossa paz! – Ó Senhor Jesus, que tu mesmo, de corpo e alma, de sonho e de dor és o nosso repouso, és nossa segurança! Tu mesmo és a nossa paz! E quão alto foi o preço dessa paz! E tudo isso para que, no teu Santo Espírito, tivéssemos acesso Àquele a quem tu chamas de Pai, fonte de toda vida!
Caríssimos, tanto para nós, pastores, quanto para vós, ovelhas, o exemplo de Cristo é motivo de questionamento e chamado à conversão. Para nós, pastores, é forte apelo a que sejamos como ele, sejamos presença dele no meio do rebanho, tendo seus sentimentos, suas atitudes, participando de sua entrega total. Pastores que não apascentam em Cristo, que não vivem a vida de Cristo na carne de sua vida, não são pastores de fato; são maus pastores, ladrões e salteadores, como aqueles do Antigo Testamento. E para vós, ovelhas, que apelos o Bom Pastor hoje vos faz? Ele que se deu todo a vós como pastor, vos convida a que vos entregueis totalmente a ele como ovelhas. Como a ovelha do Salmo da Missa de hoje, que confia totalmente no seu pastor, ainda mesmo que passe pelo vale tenebroso, porque sabe que o pastor é fiel, que o pastor haverá de defendê-la, assim também nós, ovelhas do seu pasto, confiemo-nos ao Senhor, sigamo-lo, nele coloquemos a nossa existência. E que ele, cheio de amor e misericórdia, nos conduza às campinas verdejantes, nos faça descansar, restaure nossas forças, guie-nos no caminho mais seguro, nos prepare a mesa eucarística, unja-nos com o suave óleo do seu Espírito, faça transbordar a taça da nossa exultação e nos dê habitação na sua casa pelos tempos infinitos. Amem.

(Dom Henrique Soares)


sexta-feira, 20 de julho de 2012

O auto-conhecimento nos conduz à humildade

“[...] convém que a alma antes se conheça a si mesma, coisa que é requerida pela ordem e pela utilidade.
Pela ordem, porque, para nós, o primeiro conhecimento deve ser o do que somos; pela utilidade, porque tal conhecimento não incha, mas humilha e serve de fundação para a edificação. Pois o edifício espiritual que não tem seu fundamento na humildade, não se agüenta em pé.
E para aprender a humildade, a alma não encontra nada mais convincente do que descobrir-se a si mesma na verdade. Deve-se, portanto, evitar a dissimulação, o auto-engano doloso, deve o homem encarar-se de frente, evitando fugir de si mesmo.
Pois, defrontando-se a alma com a límpida luz da verdade, encontrar-se-á muito diferente do que julgava ser e, suspirando em sua miséria - uma miséria que já não pode esconder porque é verdadeira e manifesta -, clamará com o salmista ao Senhor: "Em Tua verdade me humilhaste" (Sl 119, 75). Como não se humilhará neste verdadeiro conhecimento de si, ao dar-se conta da carga de seus pecados, sob o peso deste corpo mortal, ao ver-se imersa em preocupações terrenas, infectada pelos desejos carnais, cega, curvada, fraca, envolta em mil pavores, angustiada ante mil dificuldades, sufocada ante mil dúvidas, indigente de mil necessidades, inclinada ao vício, impotente para as virtudes?
Onde está agora o olhar arrogante? Onde, a cabeça orgulhosamente erguida? Não será ela ainda mais arremessada em sua desolação, trespassada por espinhos? (Sl 32, 4). Que ela - diz o salmista - derrame lágrimas, que chore e gema, que se volte para o Senhor e clame em sua humildade: "Cura, Senhor, minha alma, pois pequei contra Ti" (Sl 41,5).
Se ela se voltar para o Senhor, encontrará consolo, pois Ele é o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação.
Eu, quando olho para mim mesmo, fico imerso em amargura; logo, porém, que alço a vista para o auxílio da misericórdia divina, suaviza-se meu amargor com a alegria da visão de Deus e Lhe digo: "Minha alma está conturbada interiormente, por isso me lembro de Ti" (Sl 42,7).
Basta um pouco de conhecimento de Deus para experimentar que Ele é piedoso e solícito, pois, na verdade, Ele é um Deus de bondade e misericórdia, que perdoa a maldade (Joel 2,13); Sua natureza é a bondade e é próprio dEle perdoar e ter misericórdia sempre.
Deus se dá a conhecer nesta experiência e desta maneira salutar, a partir do momento em que o homem se reconheça indigente e clame ao Senhor; e Ele o ouvirá e dir-lhe-á: "Eu te libertarei e tu Me glorificarás" (Sl 50,15).
Assim, o conhecimento próprio é um passo para o conhecimento de Deus. Vê-lO-ás em Sua imagem, que em ti se forma, na medida em que tu, desarmado pela humildade, com confiança, irás refletindo a glória do Senhor e, levado pelo Espírito de Deus, de claridade em claridade, irás te transformando nessa imagem.”

(São Bernardo de Claraval)


quarta-feira, 18 de julho de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (18/07/2012) - Tema: CASTIDADE


A VIRTUDE DA CASTIDADE

“A castidade - a de cada um no seu estado: solteiro, casado, viúvo, sacerdote - é uma triunfante afirmação do amor.” (São Josemaria Escrivá).
É de suma importância ver a castidade como afirmação de amor, não meramente como negação do pecado da luxúria.
A castidade nos é dada como dom do Espírito Santo, primícia da Glória Eterna. Não é, portanto, como nos lembra o santo já citado, um fardo pesado, mas uma coroa triunfal para aqueles que se decidirem com firmeza a ter a vida limpa.
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados‖ (Ef 5,1), é o que pede São Paulo nas Sagradas Escrituras. O mesmo afirma a Igreja, com seu Magistério infalível: ―todo batizado é chamado à castidade. O cristão se vestiu de Cristo‘, modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.”‖(Catecismo da Igreja Católica, 2348).

A VIVÊNCIA DA CASTIDADE

Adolph Tanquerey, em seu tratado de Teologia Ascética e Mística, A Vida Espiritual Explicada e Comentada, descreve quatro graus de prática da virtude castidade.
- O primeiro consiste em evitar consentir em qualquer pensamento, imaginação, sensação ou ação contrária à virtude.
- O segundo, indo além do apenas não consentir, busca afastar tais coisas, imediata e energicamente, não permitindo qualquer coisa que possa deslustrar o brilho desta virtude.
- Já no terceiro, adquirido após muita prática do amor de Deus, domina-se os pensamentos e sentidos a tal ponto que se pode falar sobre questões relativas à castidade aberta e serenamente, com grande paz.
- Por fim, à alguns poucos santos, por privilégio especial, é concedido não terem qualquer movimento desordenado. Por estes devemos dar glória ao Senhor, que manifesta sua grandeza e bondade com estas graças especiais dadas a poucos.

Podemos separar a vivência da castidade em três diferentes formas:

Castidade dos noivos

Afirma o Catecismo (2350): “Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, urna aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade.”
A castidade na continência significa abster-se da relação sexual e dos prazeres sexuais desordenados até o matrimônio.

Castidade dos esposos

Afirma o Catecismo (2367-68): “A fidelidade exprime a constância em manter a palavra dada. Deus é fiel. O sacramento do Matrimônio faz o homem e a mulher entrarem na fidelidade de Cristo à sua Igreja. Pela castidade conjugal, eles testemunham este mistério perante o mundo.
Um aspecto particular desta responsabilidade diz respeito à regulação da procriação. Por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos. Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém do egoísmo, mas está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável. Além disso, regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral.”

- Fidelidade
Sobre isso são de muito proveito as palavras do Santo Padre, o Papa Bento XVI, quando se encontrou com os jovens no Brasil. Disse-lhes: “Tende, sobretudo, um grande respeito pela instituição do Sacramento do Matrimônio. Não poderá haver verdadeira felicidade nos lares se, ao mesmo tempo, não houver fidelidade entre os esposos. O matrimônio é uma instituição de direito natural, que foi elevado por Cristo à dignidade de Sacramento; é um grande dom que Deus fez à humanidade. Respeitai-o, venerai-o. Ao mesmo tempo, Deus vos chama a respeitar-vos também no namoro e no noivado, pois a vida conjugal que, por disposição divina, está destinada aos casados é somente fonte de felicidade e de paz na medida em que souberdes fazer da castidade, dentro e fora do matrimônio, um baluarte das vossas esperanças futuras.”

- Procriação
O Papa João Paulo II afirmou a totalidade da doação mútua que deve ter o casal: “esta totalidade, pedida pelo amor conjugal, corresponde também às exigências de uma fecundidade responsável, que, orientada como está para a geração de um ser humano, supera, por sua própria natureza, a ordem puramente biológica, e abarca um conjunto de valores pessoais, para cujo crescimento harmonioso é necessário o estável e concorde contributo dos pais.
Assim sendo, todo ato que vise por vias artificiais impedir o fim procriativo do ato conjugal, é grave ofensa a Deus, por desvirtuar o fim primordial desta união, impresso pelo próprio Deus desde a criação, que é a geração de filhos. Aos esposos é apenas lícito espaçar o nascimento dos filhos por justa causa, o que se dará somente através dos meios naturais que dispõem. Isso exigirá, certas vezes, períodos de continência, não deixando um pesado fardo apenas sobre um dos cônjuges. Exige cumplicidade, amor e respeito, fortalecendo os laços do matrimônio, que não se resumem ao ato sexual, “o que não conseguirá senão quem houver tomado o hábito de subordinar o prazer ao dever e de buscar na recepção freqüente dos sacramentos remédio para os apetites violentos da concupiscência.”

- A graça da castidade matrimonial
Para assegurar a vivência da castidade, contam os esposos com as graças específicas concedidas pelo Sacramento do Matrimônio. Além disso, devem buscar a prática conjunta de uma verdadeira devoção, especialmente através da oração em comum, pois por meio da oração poderão obter graças para superar todas as dificuldades e para nutrir eficazmente esta e todas as demais virtudes.
Tudo isso se resume nas palavras de São Paulo, ao dizer que a relação entre os esposos deve ser como a de Cristo com sua Igreja (Cf. Ef 5, 22-30). Que as mulheres se submetam aos seus maridos, não numa relação de escravidão, mas de confiança e amor, tal qual a Igreja se submete a Cristo. E que o marido se entregue por sua esposa, e a ame como Cristo amou a Igreja.

Celibato

Muitos são levados por Deus a abrirem mão deste bem que é o matrimônio por algo muito maior. São aqueles que “se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus” (Mt 19,12). Neste sentido, continua o Papa Paulo VI na Encíclica acima citada: “Mas Cristo, Mediador dum Testamento mais excelente (Hb 8,6), abriu também novo caminho, em que a criatura humana, unindo-se total e diretamente ao Senhor e preocupada apenas com Ele e com as coisas que lhe dizem respeito (1Cor 7,33-35), manifesta de maneira mais clara e completa a realidade profundamente inovadora do Novo Testamento
“A sagrada virgindade e a perfeita castidade consagrada ao serviço de Deus contam-se sem dúvida entre os mais preciosos tesouros deixados como herança à Igreja pelo seu Fundador‖ (Sua Santidade o Papa Pio XII, Carta Encíclica Sacra Virginitas). Desde os primeiros cristãos, este tesouro foi cultivado, havendo abundantes testemunhos dos Santos Padres sobre sua importância. Ele é guardado não somente por sacerdotes e religiosos, mas por uma legião de leigos.
A entrega da virgindade a Deus encontra fundamento nas palavras de Nosso Senhor, quando feita “por amor do Reino dos Céus (Mt 19,12). Desta forma, como já nos falava São Paulo, pode o cristão cuidar inteiramente das coisas de Deus, sem que fique divido com os cuidados que requer a vida conjugal (Cf. 1Cor 7,32-35).
É certo que o matrimônio é um bem, ou jamais teria sido elevado à dignidade sacramental. Entretanto, a virgindade ou celibato são mais excelentes que o matrimônio, porque é da sua consagração a Deus que vem sua dignidade, e não de si mesmos. Todos devemos buscar a fuga do pecado e a prática das virtudes, mas abrir mão de um ato lícito e bom, como é o matrimônio e a geração de filhos, encontra maior mérito diante de Deus. São “duas obras, da qual uma é boa e outra melhor‖, e ―a glória deste maior bem não se baseia em que se evita o pecado do matrimônio, mas pelo fato de ultrapassar o bem do matrimônio‖(AGOSTINHO, Santo: A Santa Virgindade. São Paulo: Paulus, 2000. p. 120 e 123).
Isso também decretou o Sacrossanto Concílio de Trento, ao estabelecer que “se alguém disser que o estado conjugal deve ser preferido ao estado de virgindade ou celibato, e que não é melhor ou mais valioso permanecer na virgindade ou celibato do que unir-se em matrimônio: seja anátema‖ (Denzinger 1810, Concílio de Trento, Sess. XXIV, cân.10).
Assim, o dom da procriação não é vital ao ser humano, não constituindo uma necessidade. A perfeita castidade abstém-se deste dom, vivendo a perpétua continência, tendo em vista ocupar-se mais do bem divino. E nisso auxilia a constante educação do corpo, para que tenha somente o necessário e nunca atraiçoe, como meio para exercitar o controle de si e poder viver fielmente neste estado.
“O coração do homem é feito para amar; o sacerdócio ou o estado religioso não nos tira este lado afetuoso da nossa natureza, mas ajuda-nos a sobrenaturalizá-los. Se amarmos a Deus com toda a alma, se amarmos a Jesus sobre todas as coisas, sentiremos muito menos o desejo de nos expandir sobre as criaturas. [...] Em presença daquele que possui a plenitude da beleza, da bondade e do poder, todas as criaturas desaparecem e não têm encanto‖ (TANQUEREY, Adolph: A Vida Espiritual Explicada e Comentada. Anápolis: Aliança Missionária Eucarística Mariana, 2007. p. 580).



PECADOS CONTRA A CASTIDADE SEGUNDO O CATECISMO

A luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união.
Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo. "Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado." Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da "relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana".
Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, dever-se-á levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral.
A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens.
A pornografia consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Ela ofende a castidade porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes, público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito, Mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos.
A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida, assim, ao prazer venéreo que dela se obtém. Aquele que paga peca gravemente contra si mesmo; viola a castidade à qual se comprometeu em seu Batismo e mancha seu corpo, templo do Espírito Santo. A prostituição é um flagelo social. Envolve comumente mulheres, mas homens, crianças ou adolescentes (nestes dois últimos casos, ao pecado soma-se um escândalo). Se é sempre gravemente pecaminoso entregar-se à prostituição, a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta.
O estupro designa a penetração à força, com violência, na intimidade sexual de uma pessoa. Fere a justiça e a caridade. O estupro lesa profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade, à integridade física e moral. Provoca um dano grave que pode marcar a vítima por toda a vida. É sempre um ato intrinsecamente mau. Mais grave ainda é o estupro cometido pelos pais (incesto) ou educadores contra as crianças que lhes são confiadas.
A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que "os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados". São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados.
Os pecados contra a castidade são matéria grave.



terça-feira, 17 de julho de 2012

Grupo CATÓLICOS promove I Encontro de Formação com Pe. José Inácio do Vale


No último domingo, o Grupo CATÓLICOS promoveu uma manhã de formação com o professor e doutor Pe. José Inácio do Vale.
A formação aconteceu na Capela Beato João Paulo II, na sede do grupo, e contou com a participação dos membros do REC (grupo de estudo que acontece todas as quartas-feiras na sede do Grupo).
Padre Inácio proferiu duas palestras, com os temas: “Os Cismas da Igreja” e “Fim dos Tempos”. Ambas foram gravadas e, em breve, serão postadas aqui no blog.
O encontro se encerrou com almoço.
Padre Inácio também se propôs a iniciar um Curso de História da Igreja, baseado no livro “História da Igreja”, do Pe. José Artulino Besen. Os interessados podem entrar em contato conosco através do email contato.catolicos@gmail.com para mais informações. As vagas serão limitadas!
Fique ligado na Agenda do blog para saber quando serão os próximos encontros!


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Qual o significado do pálio?

No último dia 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, impôs aos bispos que foram nomeados Arcebispos durante o último ano o pálio, sua insígnia própria. Segundo o Cerimonial dos Bispos (n. 1149), a entrega do pálio preferencialmente seja feita na própria ordenação episcopal. Contudo, como é muito raro que um presbítero seja eleito diretamente para uma Sé Arquiepiscopal, o Bv. João Paulo II já no início de seu pontificado passou a presidir este rito na Solenidade de São Pedro e São Paulo de cada ano. E o Papa Bento XVI tem continuado esta salutar tradição.
O pálio (do latim pallium, manto), confeccionado a partir da lã de duas ovelhas abençoadas pelo Papa na memória litúrgica de Santa Inês, consiste em duas tiras de lã ornadas de seis cruzes tecidas em negro. O Arcebispo o usa sobre os ombros, tendo uma tira pendente no peito e outra nas costas. Esta forma e a matéria do qual é feito indicam a missão de pastor do Arcebispo, que carrega a ovelha aos ombros. 
Aos Arcebispos (também chamados Metropolitas) é confiado o pálio para indicar sua autoridade sobre uma Arquidiocese. O Arcebispo, por ser bispo de uma cidade importante (metrópole), torna-se solícito também para com as dioceses vizinhas, sobretudo no caso de vacância (morte ou renúncia do bispo). Por isso, o Arcebispo pode usar o pálio em todas as celebrações em que preside ou concelebra em sua Arquidiocese ou nas suas dioceses sufragâneas.
Esta insígnia também quer indicar a comunhão do Arcebispo com o Sumo Pontífice e com a Sé de Pedro. Por isso, após a confecção do pálio, este é depositado junto ao túmulo de São Pedro (abaixo do Altar da Confissão, na Basílica de São Pedro em Roma) até a Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, quando então é entregue pelo Papa aos Arcebispos. No caso de um Arcebispo que recebe o pálio fora desta celebração, seu pálio continua junto ao túmulo de Pedro até a sua entrega.
Desde o início do pontificado do Bv. João Paulo II, a entrega do pálio se fazia após a homilia. Este ano, em maior conformidade com o Cerimonial dos Bispos (n. 1152-1155), a entrega do pálio se fez já no início da celebração. Isto para que não se confunda a entrega do pálio com um ato sacramental, o qual comumente se realiza, se dentro da Missa, após a homilia.