sábado, 28 de abril de 2012

Aprendendo a amar a Virgem com São Luís Montfort



Não há como falar de São Luis Maria G. de Montfort sem falar da Virgem Maria. Este santo, o qual celebramos em 28 de abril, é considerado o maior devoto da Santíssima Virgem. Sua obra, o "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem" tem levado muitos a uma verdadeira devoção e entrega total às mãos de Maria. 
Postamos aqui um breve testemunho do Beato João Paulo II acerca de São Luis Montfort e a doutrina contida no Tratado. Podemos observar com grande alegria que o papa "todo de Maria" atribui a São Luis Montfort a sua tão grande devoção a Nossa Senhora.

São Luis Montfort, rogai por nós!




"Há 160 anos foi publicada uma obra destinada a tornar-se um clássico da espiritualidade mariana. São Luís Maria Grignion de Montfort compôs o Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem Santíssima no início de 1700, mas o manuscrito permaneceu praticamente desconhecido por mais de um século. Quando finalmente, quase por acaso, em 1842 foi descoberto e em 1843 foi publicado, teve sucesso imediato, revelando-se uma obra de eficiência extraordinária para a difusão da "verdadeira devoção" à Virgem Santíssima. Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura deste livro, no qual "encontrei a resposta às minhas perplexidades" devidas ao receio que o culto a Maria, "dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo" (Dom e mistério, pág. 38). Sob a orientação sábia de São Luís Maria compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de fato, "está radicado no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus (ibid.).

A Igreja, desde as suas origens, e sobretudo nos momentos mais difíceis, contemplou com particular intensidade um dos acontecimentos da Paixão de Jesus Cristo, referido a São João:  "Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali de pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe:  "Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo:  "Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua" (Jo 19, 25-27). Ao longo da sua história, o Povo de Deus experimentou esta doação feita por Jesus crucificado:  a doação da sua Mãe. Maria Santíssima é verdadeiramente a nossa Mãe, que nos acompanha na nossa peregrinação de fé, esperança e caridade rumo à união cada vez mais intensa com Cristo, único salvador e mediador da salvação (cf. Const. Lumen gentium, 60 e 62).


Como se sabe, no meu brasão episcopal, que é a ilustração simbólica do texto evangélico acima citado, o mote Totus tuus está inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort (cf. Dom e mistério, págs. 38-39:  Rosarium Virginis Mariae, 15). Estas duas palavras exprimem a pertença total a Jesus por meio de Maria:  "Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt", escreve São Luís Maria; e traduz:  "Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence, meu amável Jesus, por meio de Maria, tua Santa Mãe" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 233). A doutrina deste Santo exerceu uma profunda influência sobre a devoção mariana de muitos fiéis e sobre a minha própria vida. Trata-se de uma doutrina vivida, de grande profundidade ascética e mística, expressa com um estilo vivo e fervoroso, que usa com frequência imagens e símbolos. A partir do tempo em que São Luís Maria viveu, a teologia mariana contudo desenvolveu-se muito, sobretudo mediante o contributo decisivo do Concílio Vaticano II. Por conseguinte, hoje, deve ser lida novamente e interpretada à luz do Concílio a doutrina monfortina, que conserva de igual modo a sua substancial validade."

(CARTA DO PAPA JOÃO PAULO II ÀS FAMÍLIAS MONFORTINAS SOBRE A DOUTRINA DO SEU FUNDADOR. Vaticano, 8 de Dezembro de 2003, Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria.)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (25/04/2012) - Tema: AS VIRTUDES TEOLOGAIS – FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE


Fé, Esperança e Caridade


“Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo o que há de louvável, honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8).


O QUE SÃO AS VIRTUDES TEOLOGAIS?

A virtude é uma disposição habitual e firme de fazer o bem.
Há virtudes sobrenaturais e virtudes humanas. Na Igreja Católica, a partir das Escrituras, e por antiga tradição patrística e mística, a teologia cristã distingue:
- as virtudes sobrenaturais ou infusas, que incluem as virtudes teologais;
- e as virtudes humanas, que incluem as virtudes morais e todas as demais.
A virtude sobrenatural é uma qualidade que Deus mesmo infunde na alma, pela qual se tem propensão, facilidade e prontidão para conhecer e praticar o bem, em ordem da vida eterna. As virtudes teologais são sobrenaturais e têm por origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. Os cristãos acreditam que elas são infundidas na pessoa humana através do Batismo. Mesmo uma criança, se estiver batizada, possui as três virtudes, ainda que não seja capaz de praticá-las enquanto não chegar ao uso da razão.
O Catecismo nos ensina que as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) são “o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano”.
Elas são essencialmente sobrenaturais, pois, além de serem dons divinos, dirigem-se a Deus nos seus atos.
O fundamento das três virtudes teologais encontra-se no texto bíblico de 1Cor 13,13: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”.
Sem elas, é impossível agradar a Deus ou alcançar a salvação.


A FÉ

A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer, porque Ele é a própria verdade. Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus.  O dom da fé permanece naquele que não pecou contra ela. Mas "é morta a fé sem obras" (Tg 2,26): privada da esperança e do amor, a fé não une plenamente o fiel a Cristo e não faz dele um membro vivo de seu Corpo.
O discípulo de Cristo não deve apenas guardar a fé e nela viver, mas também professá-la, testemunhá-la com firmeza e difundi-la: "Todos devem estar prontos a confessar Cristo perante os homens e segui-lo no caminho da Cruz, entre perseguições que nunca faltam à Igreja.” (CIC §1814 a 1816)
Peca contra a Fé, principalmente, quem admite dúvidas contra aquilo que aprendemos da Santa Igreja Católica. Hoje é comum ouvir: eu sou católico, mas não acredito nesse ponto ou naquele. Há muitos que não acreditam na Palavra de Deus, que não acreditam no inferno ou no demônio. Outros não creem mais na presença real de Jesus na Eucaristia. Eles escolhem dos dogmas católicos os que lhes convém. É esse  o sentido da palavra heresia: escolher, separar por opiniões próprias.
Mas aqueles que escolhem alguns pontos do Depósito Sagrado e rechaçam outros não têm mais fé, deixam de ser católicos. Isso é muito sério e se explica: o fundamento da Fé não é a evidência científica das verdades reveladas, mas sim o fato de serem reveladas por Deus. É o princípio de autoridade que fundamenta a Fé. Ora, se uma pessoa nega um dos pontos que seja, está recusando a autoridade daquele que revela. Passa a aceitar os demais pontos, não porque Deus é infalível, mas  porque lhe interessa aceitar. A própria pessoa passa a ser o critério da verdade, o que faz dela seu próprio deus. E ela não é mais católica.


A ESPERANÇA

A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo. "Continuemos a afirmar nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa" (Hb 10,23). 
A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna.
A esperança cristã se manifesta desde o inicio da pregação de Jesus no anúncio das bem-aventuranças. As bem-aventuranças elevam nossa esperança ao céu, como para a nova Terra prometida; traçam o caminho por meio das provações reservadas aos discípulos de Jesus. Mas, pelos méritos de Jesus Cristo e de sua Paixão, Deus nos guarda na "esperança que não decepciona" (Rm 5,5). (CIC §1817 a 1820)

Meditemos nesse pequeno texto de Santa Teresa de Ávila a respeito da esperança:
“Espera, ó minha alma, espera. Ignoras o dia e a hora. Vigia cuidadosamente, tudo passa com rapidez, ainda que tua impaciência torne duvidoso o que é certo, e longo um tempo bem curto. Considera que, quanto mais pelejares, mais provarás o amor que tens a teu Deus e mais te alegrarás um dia com teu Bem-Amado numa felicidade e num êxtase que não poderão jamais terminar.”

Existem dois tipos de pecados contra a virtude da Esperança: a presunção e o desespero.
A presunção consiste em acharmos que podemos possuir a Deus, tanto pela graça (na vida terrena) quanto na vida eterna, sem a ajuda de Deus. É um excesso de confiança que se faz esperar a vida eterna sem usar os meios prescritos por Deus, como a graça e as boas obras.
O desespero consiste em achar que nunca poderemos alcançar a vida eterna, ou que Deus nunca nos perdoará dos nossos pecados. É o exemplo de Caim e de Judas. Isso acontece com frequência em pessoas que passam por muitos sofrimentos e não têm confiança no socorro de Deus.


A CARIDADE

A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
Jesus fez da caridade o novo mandamento. Amando os seus "até o fim" (Jo 13,1), manifesta o amor do Pai que Ele recebe. Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de Jesus que eles também recebem. Por isso diz Jesus: "Assim como o Pai me amou, também eu vos amei. Permanecei em meu amor" (Jo 15,9). E ainda: "Este é o meu preceito: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12). §1822 §1823 §1826 §1827 §1828
O apóstolo S. Paulo traçou um quadro incomparável da caridade: "A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (l Cor 13,4-7).
Diz ainda o apóstolo: "Se não tivesse a caridade, nada seria...". E tudo o que é privilégio, serviço e mesmo virtude... “se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria". A caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes teologais.
O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade, que é o "vinculo da perfeição" (Cl 3,14.. A caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à feição sobrenatural do amor divino.
A prática da vida moral, animada pela caridade, dá ao cristão a liberdade espiritual dos filhos de Deus. Já não está diante de Deus como escravo em temor servil, nem como mercenário à espera do pagamento, mas como um filho que responde ao amor daquele "que nos amou primeiro" (1 Jo 4,19).
O amor é a rainha das virtudes. Como as pérolas se ligam por um fio, assim as virtudes, pelo amor. Fogem as pérolas quando se rompe o fio. Assim também as virtudes se desfazem afastando-se o amor”. (São Pio de Pietrelcina)


CORREMOS O RISCO DE PERDER AS VIRTUDES TEOLOGAIS?

Uma vez recebidas, as virtudes teologais não se perdem facilmente. A virtude da caridade, a capacidade de amar a Deus com amor sobrenatural, só se perde pelo pecado mortal. Mas mesmo que se perca a caridade, a fé e a esperança permanecem. A virtude da esperança só se perde por um pecado direto contra ela, pelo desespero de não confiar mais na bondade e na misericórdia divinas. E, é claro, se perdemos a fé, perdemos também a esperança, pois é evidente que não se pode confiar em Deus se não se crê nEle. E a fé, por sua vez, perde-se por um pecado grave contra ela, quando nos recusamos a crer no que Deus revelou.
O relacionamento com Deus exige uma ação, uma cooperação de cada um. Não é um amor que só se doa ou que só recebe. É uma via de mão dupla, pois, quanto mais o homem se dá a Deus, mais recebe e quanto mais recebe de Deus, mais quer se configurar a Ele. As virtudes auxiliam no processo de configuração a Jesus Cristo, o homem como Deus sonhou, o homem que amou Deus como Ele quer ser amado, o homem-modelo de todos os homens.
“O fim de uma vida virtuosa consiste em se tornar semelhante a Deus”, como escreveu São Gregório de Nissa.


O PAPA BENTO XVI E AS VIRTUDES TEOLOGAIS

Podemos observar que o pontificado de Bento XVI está diretamente ligado ao incentivo da prática das três virtudes teologais.
- Caridade: Sua primeira encíclica foi intitulada de “Deus Caritas est” (Deus é Amor).
- Esperança: Mais tarde, o Santo Padre lançaria mais uma encíclica, intitulada “Spe Salvi” (Salvos pela esperança).
-: recentemente proclamou que de outubro de 2012 a outubro de 2013, a Igreja viverá o “Ano da Fé”, tempo de aprofundamento acerca dessa virtude.



“Onde não há obediência, não há virtude. Onde não há virtude, não há bem, não há amor; e onde não há amor, não há Deus; e sem Deus não se chega ao Paraíso. Tudo isso é como uma escada: se faltar um degrau, caímos”. (São Pio de Pietrelcina)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Rezar e Amar



"Prestai atenção, meus filhinhos: o tesouro do cristão não está na terra, mas nos céus. Por isso o nosso pensamento deve estar voltado para onde está o nosso tesouro. Esta é a mais bela profissão do homem: rezar e amar. Se rezais e amais, eis aí a felicidade do homem sobre a terra.
A oração nada mais é do que a união com Deus. Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus, sente em si mesmo uma suavidade e doçura que inebria, e uma luz maravilhosa que o envolve. Nesta íntima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera, fundidos num só, de tal modo que ninguém pode mais separar. Como é bela essa união de Deus com sua criatura! É uma felicidade impossível de se compreender.
Nós nos havíamos tornados indignos de rezar. Deus, porém, na sua bondade, permitiu-nos falar com Ele. Nossa oração é o incenso que mais lhe agrada.
Meus filhinhos, vosso coração é por demais pequeno, mas a oração o dilata e o torna capaz de amar a Deus. A oração faz saborear antecipadamente a felicidade do Céu; é como o mel que se derrama sobre a alma e faz com que tudo nos seja doce. Na oração bem feita, os sofrimentos desaparecem, como a neve que se derrete sobre os raios de sol.
Outro benefício que nos é dado pela oração: o tempo passa tão depressa e com tanta satisfação para o homem, que nem se percebe a sua duração. Escutai: certa vez, quando eu era pároco em Bresse, tive que percorrer grandes distâncias para substituir quase todos os meus colegas que estavam doentes; nessas intermináveis caminhadas, rezava ao bom Senhor e - podeis crer! - o tempo não me parecia longo.
Há pessoas que mergulham profundamente na oração, como peixes na água, porque estão inteiramente entregues a Deus. Não há divisões em seus corações. Ó como eu amo estas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Clara viam nosso Senhor e conversavam com Ele do mesmo modo como nós conversamos uns com os outros.
Nós, ao invés, quantas vezes entramos na Igreja sem saber o que vamos pedir. E, no entanto, sempre que vamos ter com alguém, sabemos perfeitamente o motivo por que vamos. Há até mesmo pessoas que parecem falar com Deus deste modo: "Só tenho duas palavras para Vos dizer e logo ficar livre de Vós...". Muitas vezes penso nisso: quando vamos adorar a Deus, podemos alcançar tudo o que desejamos, se o pedirmos com fé viva e coração puro."

(São João Maria Vianney)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (18/04/2012) - Tema: SANTOS INCORRUPTOS


SOMOS DESTINADOS A UM CORPO INCORRUPTÍVEL

Deus disse a Adão: "Com a transpiração de sua face você comerá o pão, até que você volte à terra, pois dela você veio; já que és pó e ao pó voltarás” (Gn 3,19). É o castigo para o pecado que todos os homens sofrem. Com o pecado veio a morte, porém, nós católicos...
“Cremos firmemente - e assim esperamos - que, da mesma forma que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos, e vive para sempre, assim também, depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que Ele os ressuscitará no último dia. [...] A "ressurreição da carne" significa que após a morte não haverá somente a vida da alma imortal, mas que mesmo os nossos "corpos mortais" (Rm 8,11) readquirirão vida. [...] Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus. [...] Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: "Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu!" (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma, nele" ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora"; porém, este corpo será "transfigurado em corpo de glória", em "corpo espiritual"” (Catecismo da Igreja Católica, § 989, 990, 997, 999)
Embora ainda não tenha ocorrido a ressurreição, os corpos incorruptos fazem-nos lembrar Nosso Senhor Jesus, que não conheceu a corrupção física, como que prefigurando de certa forma a futura ressurreição da carne.


OS CORPOS INCORRUPTOS

Segundo a Tradição, o primeiro caso de incorruptibilidade foi o de Santa Cecília, que morreu em 177 e, séculos depois (no ano de 1599), permanecia incorrupta. O primeiro documento que relata um caso de incorrupção data do século IV e narra que Santo Ambrósio havia descoberto o corpo de um mártir, morto havia 200 anos, intacto.
Há duas formas de preservação de um corpo, segundo a ciência: a natural (quando o corpo é preservado devido a condições do solo ou do clima) e a indução (quando são utilizados processos químicos ou técnicas semelhantes). Os casos de incorrupção não se encaixam em nenhuma dessas categorias. É um fato sobrenatural que a ciência não consegue explicar.
Os corpos incorruptos são descobertos em inúmeros e diversificados ambientes. Eles permanecem livres de decomposição independente da forma que foram enterrados... atraso no enterro, temperatura, humidade, bruto/impróprio manuseio do corpo, transferências frequentes, corpos cobertos por quicklime (agente decompositor), ou proximidade a outros corpos já em decomposição e/ou decompostos.
O fenômeno da incorrupção não segue nenhuma regra. Alguns corpos se mantêm intactos até hoje, outros se mantêm por determinado tempo, outros secam lentamente no decorrer dos anos (sem perder as propriedades de incorrupção). Há também casos de incorrupções parciais, onde apenas uma parte do corpo não se decompõe, como coração e língua. As incorrupções parciais até hoje são motivo de espanto até mesmo para cientistas e estudiosos, pois, geralmente, os órgãos que permaneceram intactos são encontrados em meio a cinzas do corpo que já se decompôs.
Devido às mudanças climáticas, muitos dos corpos incorruptos estão perdendo mais rápido a aparência que tinham quando foram exumados. Por conta disso, alguns precisam ser recobertos por finas camadas de cera ou silicone para que os tecidos não escureçam.


ALGUMAS CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS CORPOS INCORRUPTOS

- ausência de rigidez cadavérica, inclusive com depressão à compressão de tecidos e flexibilidade corporal, mantendo-se a movimentação passiva de articulações;
Para os cientistas, esse fato é justamente a característica mais intrigante, pois, as múmias, por exemplo, mesmo conservadas por séculos, apresentam tecidos e órgãos endurecidos.
- desprendimento de agradáveis perfumes, inclusive propagando-se para todo o ambiente;
- temperatura corporal correspondendo à do ambiente;
- tonalidade rósea da pele;
- desprendimento espontâneo de uma espécie de óleo, com aspecto comparável ao de óleo vegetal, ou de outros líquidos, como água, e de sangue, inclusive sangue com aspecto de recentemente coagulado;
- sangramentos produzidos por incisões (cortes).


EXEMPLOS DE SANTOS INCORRUPTOS

Santa Catarina Labouré


Faleceu no ano de 1876 e ficou conhecida pelas vezes em que Nossa Senhora das Graças lhe apareceu. Santa Catarina foi exumada 57 anos depois de sua morte e as monjas de seu convento encontraram-na totalmente incorrupta. Há relatos de que várias das monjas desmaiaram durante a exumação de Catarina, pois ela tinha o aspecto de uma pessoa viva e seus olhos azuis estavam mais lindos que nunca.

São Pio de Pietrelcina


O corpo de São Pio foi exumado em San Giovanni Rotondo, sul da Itália, em março de 2008, quarenta anos depois de sua morte. São Pio conserva a barba, as sobrancelhas, as unhas, os joelhos e os tecidos em bom estado e seus restos mortais não apresentam mau cheiro. Seu rosto foi coberto por uma máscara de silicone. Mais de 5,5 milhões de fiéis de todo o mundo, inclusive o papa Bento XVI, visitaram o sarcófago de vidro de São Pio durante o período em que ficou exposto para veneração.

Santa Rita de Cássia

Após ouvir uma pregação sobre a Paixão de Cristo,  pediu a Jesus que pudesse compartilhar seus sofrimentos em favor da conversão dos pecadores. Tendo seu pedido atendido, recebeu um espinho na fronte que lhe causou uma repugnante ferida, da qual exalava um odor pútrido acompanhado por pus que a obrigou a viver isolada das outras monjas pelo resto da vida.
Em 1457, quando veio a falecer, a ferida desapareceu e em seu lugar surgiu uma mancha vermelha como um rubi, que exalava uma deliciosa fragrância que perdura até os dias atuais. Por conta deste admirável perfume, Santa Rita nunca foi enterrada. Hoje, seu corpo se encontra incorrupto, exposto em um sarcófago de cristal no Santuário Mosteiro de Santa Rita de Cássia, na Itália.
Há registros de que, por diversas vezes, o corpo de Santa Rita já abriu e fechou os olhos, mudou de posição no sarcófago, mexeu pés e mãos e até mesmo levitou. Uma das levitações ocorreu no ano de 1730, durante um terremoto, que assolou algumas cidades da Itália, mas não causou nenhum mal à cidade de Cássia.

Santa Bernadette Soubirous


Santa Bernadete teve visões de Nossa Senhora em Lourdes, na França. Morreu em 1879. Seu corpo foi exumado 30 anos mais tarde, em 1909, e foi descoberto completamente incorrupto e livre de qualquer odor. Seu corpo foi novamente exumado uma segunda vez 10 anos mais tarde e se encontrava ainda incorrupto.

Santa Catarina de Bolonha


Morreu em 1463 e se encontra incorrupta e em exposição por mais de 500 anos em posição sentada. A cada dois anos é realizado um exame raio X que comprova a integridade de sua coluna vertebral.

Língua de Santo Antônio

Santo Antônio foi um exímio pregador da Palavra de Deus. Sendo assim, trinta e dois anos após sua morte, São Boaventura encontrou, dentre ossos e cinzas, a língua e as cordas vocais do santo completamente conservadas, como de uma pessoa viva. Na biografia de Santo Antônio se encontram as palavras pronunciadas pelo ministro-geral do mosteiro, quando se deparou com a língua incorrupta: "Ó língua bendita, que sempre bendisseste o Senhor e fizeste que também os outros o bendissessem sempre; pela tua conservação se compreende bem qual o teu mérito diante de Deus".
Um segundo reconhecimento foi realizado em 1981, por ordem do papa João Paulo II. A língua de Santo Antônio permanece intacta (mudou apenas de cor, pois escureceu) e é uma das relíquias mais visitadas pelos católicos de todo o mundo. Está guardada num relicário e se encontra hoje na Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália.

Sangue de São Januário

O jovem bispo, São Januário, foi perseguido no tempo do imperador Diocleciano (por volta do ano 305), que, depois de várias tentativas frustradas de matá-lo, ordenou que fosse decapitado. Os cristãos da época recolheram duas ampolas do sangue que jorrava da cabeça de São Januário. Dez anos depois, entregaram as ampolas com o sangue do mártir ao bispo de Nápoles, cidade italiana próxima de onde vivia o santo.
A partir daí, começaram os registros do milagre que se repetiria no decorrer dos anos, até a atualidade: três vezes por ano, o sangue de São Januário, conservado em estado sólido nas ampolas, de repente se transforma em líquido novamente. Como se não bastasse, chega a borbulhar, muda de coloração (de negro para vermelho vivo) e apresenta variações de peso e volume.
Desde 1659, estão registrados mais de dez mil ocasiões em que o milagre se repetiu.


A VENERAÇÃO DOS CORPOS DOS SANTOS

"Os corpos dos mártires sagrados e outros que vivem agora com Cristo; corpos que eram seus membros e templos do Espírito Santo, que um dia subirão para Ele e serão glorificados na vida eterna, podem ser venerados pelos cristãos. Deus dá muitos benefícios aos homens através deles." (Concílio de Trento)



terça-feira, 17 de abril de 2012

O dom de línguas em Pentecostes


No tempo pascal fazemos memória da ressurreição e ascensão do Senhor, mas também nos preparamos para a grande festa de Pentecostes, onde o Consolador desce sobre sua Igreja enchendo-a de força e de dons.
Vamos ler um trecho do capítulo segundo dos Atos dos Apóstolos sobre esse acontecimento:

“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam, pois, todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas? Outros, porém, escarnecendo, diziam: Estão todos embriagados de vinho doce.” (At 2, 1-13)

Até a Solenidade de Pentecostes, publicaremos aqui alguns textos tratando do assunto. Neste post, nos prenderemos no que diz respeito ao dom de línguas derramado em Pentecostes.
Nos últimos tempos, tem-se confundido o dom de línguas (capacidade de falar e compreender outros idiomas sem tê-los aprendido anteriormente) com a prática da glossolalia (capacidade de falar e compreender uma língua inexistente, irracional).
Não queremos, neste texto, avaliar a veracidade e/ou a eficácia da glossolalia na vida da Igreja, pois é um fenômeno relativamente novo dentro do catolicismo, difundido a partir da década de 70, que ainda necessita de estudo e aprofundamento por parte do Magistério da Igreja.
O que queremos, então, é tratar do dom de línguas manifestado no dia de Pentecostes e o seu valor teológico.
Quando o Espírito Santo desceu sob a forma de línguas de fogo, os apóstolos começaram a falar em diversas línguas, como nos mostra o texto bíblico:

“Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. [...] Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? [...] judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus!” (idem)

Como podemos ver, não existe nenhum relato de “oração em línguas” (como também é conhecida a glossolalia) nesta passagem bíblica, mas sim de um dom concedido aos apóstolos de que falassem nas diferentes línguas do povo de Deus que ali se encontrava. Vejamos o que nos diz a Tradição da Igreja sobre esse trecho de Atos dos Apóstolos:

"No dia de Pentecostes, teve a sua mais exata e direta confirmação aquilo que fora anunciado por Cristo no discurso da despedida; em particular, o anúncio de que estamos a tratar «O Consolador [...] convencerá o mundo quanto ao pecado». Nesse dia, sobre os Apóstolos congregados no mesmo Cenáculo em oração, juntamente com Maria, Mãe de Jesus, desceu o Espírito Santo prometido, como lemos nos Atos dos Apóstolos: «Todos ficaram cheios de Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que se exprimissem» (cf. At 2,4) «reconduzindo desse modo à unidade as raças dispersas e oferecendo ao Pai as primícias de todas as nações»” (Santo Ireneu de Lyon, Contra as Heresias III)

“Aquele vento purificava os corações da palha da carne. Aquele fogo consumia o fogo da velha concupiscência. Aquelas línguas faladas pelos que estavam repletos do Espírito Santo prefiguravam a futura Igreja, que haveria de estar entre as línguas de todos os povos.” (Santo Agostinho, Sermão 271)

Podemos perceber também que os apóstolos não “oravam” mas sim “pregavam” as maravilhas de Deus em diferentes línguas.
Este fenômeno ocorreu para que se manifestasse a catolicidade da Santa Igreja, ou seja, a Igreja de todas as nações.

"A Igreja é católica, porque o Evangelho se destina a todos os povos e por isso, já desde o início, o Espírito Santo faz com que ela fale todas as línguas" (Papa Bento XVI, Solenidade de Pentecostes, 27 de maio de 2007)

Este fenômeno ocorrido em Pentecostes torna viva no seio da Igreja a missão de Jesus de fazer novas todas as coisas. As diferentes línguas que em Babel foram castigo pela ambição do povo, agora tornam-se sinal da presença de Deus.

"Também em Babel as línguas foram divididas! Exatamente! O que se passa no Pentecostes é exatamente o contrário do que se passou em Babel. Em Babel, por orgulho, foram as línguas dos homens que se dividiram, de modo que eles não se compreendiam mais e foram, por isso, divididos, separados, dispersos. Em Pentecostes é o dom de Deus que se divide para estender-se a cada um e reuni-los a todos: a partir desse momento os homens que receberam o Espírito Santo anunciam todos a mesma palavra, a Palavra de Deus, e fazem-se compreender por todos os homens pois falam todas as línguas. As barreiras lingüísticas são ultrapassadas pela Palavra do Deus Único, tornada compreensível a todos pelo dom das línguas.” (Rito Bizantino)

O Espírito Santo [...] no dia de Pentecostes desceu sobre os discípulos para permanecer eternamente com eles; que a Igreja foi publicamente manifestada ante a multidão; que pela pregação se iniciou a difusão do Evangelho entre as nações; que enfim foi prefigurada a união dos povos na catolicidade da fé mediante a Igreja da Nova Aliança que fala todas as línguas, compreende e abraça na caridade todos os idiomas e assim supera a dispersão de Babel” (Concilio Vaticano II, Decreto Ad Gentes)

Após o Pentecostes, o dom de línguas tornou-se muito comum entre aqueles que eram responsáveis por pregar o Evangelho. Assim, o povo que primeiramente conhecera a Verdade conseguia anunciar o Evangelho de Cristo a povos de diferentes línguas.

Porquanto o dom de línguas devemos saber que como na Igreja primitiva eram poucos os consagrados para ensinar pelo mundo a fé de Cristo, a fim de que mais facilmente e a muitos anunciassem a palavra de Deus, o Senhor deu-lhes o dom de línguas, para que a todos ensinassem, não de modo que falando uma só língua fossem entendidos por todos, como alguns dizem, mas sim, bem literalmente, de maneira que nas línguas dos diversos povos, falassem as de todos. Pelo qual disse o Apóstolo: Dou graças a Deus porque falo as línguas de todos vós (1Co 14,18). E em Atos 2,4, se disse: Falavam em várias línguas, etc. E na Igreja primitiva muitos alcançaram de Deus este dom. [...] Pois os coríntios, que eram de indiscreta curiosidade, preferiam esse dom que o da profecia. E aqui por falar em língua, o Apóstolo entende que em língua desconhecida e não explicada: como se alguém falasse em língua teutônica a um galês, sem explicá-la, esse tal fala em língua.(São Tomás de Aquino, Summa Teológica)

Alguns santos, como São Francisco Xavier, Santo Antônio, São Vicente Ferrer, São Francisco Solano, em sua maioria missionários e pregadores, receberam de Deus esse dom para anunciar por todo o mundo. Em diversas ocasiões, pregaram a grandes multidões de pessoas de nacionalidades diferentes, sendo entendidos por todos como se falassem em sua própria língua de origem.
Quanto menos necessário se torna este dom para o anúncio da Palavra, menos teremos relatos dele, como nos explica Santo Agostinho:

"Quem em nossos dias, espera que aqueles a quem são impostas as mãos para que recebam o Espírito Santo, devem portanto falar em línguas , saiba que esses sinais foram necessários para aquele tempo. Pois eles foram dados com o significado de que o Espírito seria derramado sobre os homens de todas as línguas, para demonstrar que o Evangelho de Deus seria proclamado em todas as línguas existentes sobre a Terra. Portanto o que aconteceu, aconteceu com esse significado e passou." (Santo Agostinho, Homilias)

Sendo assim, queridos irmãos e irmãs, oremos a Deus para que, como em Pentecostes, o Espírito Santo desça sobre a Igreja para que ela continue anunciando as maravilhas de Deus para todos os povos e em todas as línguas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Revista Online


Olá amigos da CATÓLICOS!

Com grande alegria, inauguramos a página MATÉRIAS de nosso blog. Várias matérias das edições impressas da revista já estão disponíveis para leitura online. Vale a pena conferir e divulgar!

Um grande abraço!
Salve Maria!


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um homem de Deus



Um homem do mundo “chega” em uma mulher.
Um homem de Deus se aproxima.

Um homem do mundo “intima”.
O de Deus conhece, agrada, corteja, conquista.

Quem é do mundo “pega” uma mulher.
Quem é Deus se apaixona, se envolve e começa a namorar.

O começo de um namoro do mundo é permeado de amassos, traições, mentiras e desconfianças.
O de Deus tem oração, tem castidade, tem amizade e romantismo.

No mundo, amigo “pega” mulher de amigo.
Em Deus, casais amigos saem juntos e compartilham sonhos, planos, vidas.

O homem do mundo leva a mulher para comemorar um ano de namoro no motel.
O de Deus vai para a Capela e louva ao Criador pelo seu lindo relacionamento.

O homem do mundo se junta com a mulher e quando se casam a ressaca não permite que se lembre nem em qual igreja se casou.
O de Deus se emociona ao ver sua amada entrar na igreja, sente o peito bater mais forte a cada compromisso selado com Deus diante de seu Altar e ouve os anjos cantando "amém" após o primeiro beijo que dá em sua esposa.

Para um homem do mundo a noite de núpcias é só mais uma qualquer, como tantas e tantas outras.
Para o homem de Deus é o momento de consumar o seu matrimônio tornando-se um com sua amada.

Enfim, para o homem do mundo restam várias opções para a vida:

-Manter um casamento sem cumplicidade, onde as desconfianças continuam as mesmas do tempo de namoro.
-Tornar-se um homem violento, que bate na esposa e nos filhos.
-Tornar-se um homem frio que não sabe dar atenção nem para a esposa nem para os filhos.
-Ter alguns filhos, se separar, casar com outra, ter alguns filhos, se separar...
-Continuar casado, porém com uma (ou várias) amante (s) e também com alguns "chifres".
-Etc...

Para o homem de Deus resta apenas uma opção:

Constituir uma família santa e ser feliz ao lado da esposa e dos filhos, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe.

“Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha.” (Mt 7, 24s)


REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (11/04/2012) - Tema: A DIVINA MISERICÓRDIA REVELADA À SANTA FAUSTINA


“Quantas almas já foram consoladas pela invocação "Jesus, confio em Ti", que a Providência sugeriu através da Irmã Faustina! Este simples ato de abandono a Jesus dissipa as nuvens mais densas e faz chegar um raio de luz à vida de cada um.”
(João Paulo II, na homilia da Canonização de Santa Faustina)



JESUS SE REVELA A IRMÃ FAUSTINA

Santa Faustina nasceu em Glogowiec, na Polónia central, no dia 25 de Agosto de 1905, de uma família camponesa de sólida formação cristã. Desde a infância sentiu a aspiração à vida consagrada, mas teve de esperar diversos anos antes de poder seguir a sua vocação. Em todo o caso, desde aquela época começou a percorrer a via da santidade. Mais tarde, recordava:  "Desde a minha mais tenra idade desejei tornar-me uma grande santa".
O Senhor a escolheu para uma missão especial. Depois de atravessar pela “noite escura” das provações físicas, morais e espirituais, a partir de 22/02/1931, em Plock,o próprio Senhor Jesus Cristo começa a se manifestar à Irmã Faustina de um modo particular, revelando de um modo extraordinário a centralidade do mistério da misericórdia divina para o mundo e a história e novas formas de culto e apostolado em prol desta sua divina misericórdia.


A ESPIRITUALIDADE DA MISERICÓRDIA DIVINA

 Os 5 elementos distintivos da espiritualidade da Divina Misericórdia – que emergem a partir de sua história de fé – tocam de algum modo as mais diversas dimensões da vida humana e conseqüentemente também da nossa fé católica: 
- liturgia (Festa da Divina Misericórdia)
- piedade (Terço da Misericórdia)
- tempo (Novena e Hora da Misericórdia)
- espaço (Imagem)

Nesse estudo, nos atentaremos à Imagem e à Festa da Divina Misericórdia.


A IMAGEM DE JESUS MISERICORDIOSO

A imagem de Jesus Misericordioso tem origem na visão que Santa Faustina teve em 22 de fevereiro 1931, na Polônia. Ela mesma descreve a visão que teve de Jesus em seu Diário: “À noite, quando me encontrava na minha cela, vi Nosso Senhor vestido de branco. Uma das mãos erguida para a bênção, e a outra tocava-lhe a túnica, sobre o peito. Da túnica entreaberta sobre o peito saíam dois grandes raios, um vermelho e o outro pálido. [...] Logo depois, Jesus me disse: "pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: ‘Jesus, eu confio em Vós’. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro”.
Mais tarde, Jesus revelaria o que esta imagem significa: “Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha misericórdia, quando na Cruz o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança [...]. Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus”. E disse ainda:
Ofereço aos homens um vaso, com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. O vaso é a Imagem com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós [...]. Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte [...]. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela”.
A primeira imagem foi pintada por Eugeniusz Kazimierowski , em 1934, que seguiu estritamente as orientações de Santa Faustina para compor os detalhes da pintura. Jesus então revelou à Santa Faustina: “O Meu olhar, nesta Imagem, é o mesmo que eu tinha na cruz”. A pintura foi exposta pela primeira vez no primeiro domingo depois de Páscoa, a pedido de Jesus. 
Algumas outras imagens de Jesus Misericordioso já foram pintadas, no entanto, a Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso (fundada em 1947 pelo padre Miguel Sopocko, mentor espiritual de Santa Faustina) tem se empenhado para que a imagem original seja propagada, pois foi a única pintada sob as orientações de Santa Faustina. Em 2003, a pintura passou por uma restauração. Assim, em 2004 foi realizada uma sessão fotográfica profissional da imagem a fim de fornecer aos fiéis um meio de divulgar a pintura original.
Aprovada pela Igreja e abençoada pelo presbítero, a imagem se torna para a comunidade e cada fiel um sacramental, ou seja, um sinal sagrado por meio do qual a Igreja pede a Deus os Seus benefícios, sobretudo espirituais.


A FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA

 Com efeito, aos 22/02/1931, uma das primeiras revelações de Jesus à Santa Faustina diz respeito à Festa da Misericórdia, que deveria ser celebrada no 2º domingo da Páscoa:
Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja benzida solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49; cf. 88; 280; 299b; 458; 742; 1048; 1517).
A Festa é uma obra divina, mas Ele quer que Santa Faustina se empenhe tanto em sua implantação, como em seu incremento: “Na Minha festa, na Festa da Misericórdia, percorrerás o mundo inteiro e trarás as almas que desfalecem à fonte da Minha misericórdia. Eu as curarei e fortalecerei” (D. 206); “Pede ao Meu servo fiel que, nesse dia, fale ao mundo inteiro desta Minha grande misericórdia, que aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida, alcançará perdão total das culpas e penas” (D. 300a; cf. 1072). Santa Faustina abraça com toda a alma esta causa, pelo que exclama e reza: “Oh! como desejo ardentemente que a Festa da Misericórdia seja conhecida pelas almas!” (D. 505); “Apressai, Senhor, a Festa da Misericórdia, para que as almas conheçam a fonte da Vossa bondade” (D. 1003; cf. 1041). Jesus leva a sério a dedicação de Santa Faustina nesta missão: “Pelos teus ardentes desejos, estou apressando a Festa da Misericórdia...” (D. 1082; cf. 1530), e por isso o demônio procura atrapalhar o seu caminho (D. 1496).
“Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. Tudo o que existe saiu das entranhas da Minha misericórdia. Toda alma contemplará em relação a Mim, por toda a eternidade, todo o Meu amor e a Minha misericórdia. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa” (D. 699); “Desejo conceder indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a Santa Comunhão na Festa da Minha misericórdia” (D. 1109).
Em 30 de abril de 2000, dia em que Santa Faustina foi proclamada santa, o papa João Paulo II instituiu a Festa da Divina Misericórdia para o mundo inteiro.


O POEMA DE SANTA FAUSTINA

“Amor Eterno, mandais pintar a Vossa santa Imagem
E nos desvendais a fonte da misericórdia inconcebível!
Abençoais quem se aproxima de Vossos raios,
E a alma negra se tornará branca como a neve. 
Ó doce Jesus, aqui fundastes o trono da Vossa misericórdia
Para alegrar e ajudar o homem pecador:
Do coração aberto, como de uma fonte límpida,
Flui o consolo para a alma e o coração arrependido.
Que a honra e o louvor para esta Imagem
Nunca deixem de fluir da alma do homem!
Que de cada coração flua honra para a misericórdia de Deus
Agora, e em cada hora, e por todos os séculos!”