quinta-feira, 25 de abril de 2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A Virgem Santíssima esmaga a cabeça do dragão enganador


«Quando São Domingos pregava o Rosário perto de Carcassona, trouxeram à sua presença um albigense que estava possesso pelo demónio; parece que mais de doze mil pessoas tinham vindo de propósito para ouvi-lo pregar. Os demónios que possuíam esse infeliz foram obrigados a responder às perguntas de São Domingos, com muito constrangimento. Eles disseram que:


1 - Havia quinze mil deles no corpo desse pobre homem, porque ele atacou os quinze mistérios do Rosário;

2 - continuaram a testemunhar que, quando São Domingos pregava o Rosário, impunha medo e horror nas profundezas do inferno e que ele era o homem que os demónios mais odiavam em todo o Mundo, isto por causa das almas que ele lhes arrancou através da devoção do Santo Rosário.

Revelaram então várias outras coisas.
São Domingos colocou o seu Rosário em volta do pescoço do albigense e pediu que os demónios lhe dissessem quem, de todos os santos dos Céus, eles mais temiam, e quem deveria ser, portanto, mais amado e reverenciado pelos homens.
Nesse momento eles soltaram um gemido inexprimível, graças ao qual a maioria das pessoas caiu por terra desmaiando de medo...e então disseram: " Domingos, nós imploramos-te, pela paixão de Jesus Cristo e pelos méritos da Sua Mãe e de todos os santos, deixa-nos sair deste corpo sem que falemos mais, pois os anjos responderão à tua pergunta a qualquer momento...

São Domingos ajoelhou-se e rezou a Nossa Senhora para que ela forçasse os inimigos a proclamarem a verdade completa e nada mais que a verdade.

Mal tinha terminado de rezar, viu a Santíssima Virgem perto de si, rodeada por uma multidão de anjos. Ela bateu no homem possesso com um cajado de ouro que segurava, e disse:" Responde ao meu servo Domingos imediatamente" .

Então os demónios começaram a gritar: " Ó vós, que sois a nossa inimiga, a nossa ruína e a nossa destruição, por que é que desceste do Céu só para nos torturar tão cruelmente? Ó, Advogada dos pecadores, vós que os tirais das armadilhas que levam ao inferno, vós que sois o caminho seguro para o Céu, devemos nós, para o nosso próprio pesar, dizer toda a verdade e confessar diante de todos quem é que é a causa da nossa vergonha e da nossa ruína? Ó, pobres de nós, príncipes da escuridão: então, ouçam bem, vocês cristãos: a Mãe de Jesus Cristo é todo-poderosa e pode salvar os seus servos de caírem no Inferno; Ela é o Sol que destrói a escuridão da nossa astúcia e subtileza; É ela quem descobre os nossos planos ocultos, quebra as nossas armadilhas e faz com que as nossas tentações sejam inúteis e sem efeito.
Nós temos que dizer, porém de maneira relutante, que nem sequer uma alma que realmente perseverou no seu serviço foi condenada junto a nós; um simples suspiro que ela oferece à Santíssima Trindade é mais precioso que todas as orações, desejos e aspirações de todos os santos.
Nós a tememos mais que a todos os santos juntos nos Céus e não temos nenhum sucesso com os seus fiéis servos. Muitos cristãos que a invocam à hora da morte e que seriam condenados, de acordo com os nossos padrões ordinários, são salvos pela sua intercessão.
Ó, se pelo menos essa Maria (assim era na sua fúria como eles a chamavam) não se tivesse oposto aos nossos desígnios e esforços, teríamos conquistado a igreja e a teríamos destruído há muito tempo atrás; além disso, teríamos feito com que todas as Congregações da Igreja caíssem no erro e na desordem. Agora, que somos forçados a falar, também lhes diremos isto: ninguém que persevera ao rezar o Rosário será condenado, porque ela obtém para os seus servos a graça da verdadeira contrição pelos seus pecados e, por meio do santo rosário, eles obtêm o perdão e a misericórdia de Deus”.»

(Trecho de "O segredo admirável do Santo Rosário para converter-se e salvar-se", São Luís Maria de Montfort.)


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Buscar a Deus


"Não rezes a Deus olhando o céu; olha para dentro de ti!

Não busques a Deus longe de ti, mas em ti mesmo!

Não peças a Deus o que te falta; busca-o tu mesmo e Deus buscará contigo porque Ele já te deu como promessa e como meta para que tu próprio o alcances.

Não reproves a Deus por tua desgraça; sofre com Ele e Ele sofrerá contigo. E se há dois em uma mesma dor, se sofre menos.

Não exijas de Deus que te governe com milagres; governa-te tu mesmo com responsável liberdade, amando e servindo, e Deus estará te guiando desde dentro e sem que saibas como.

Não peças a Deus que te responda quando falas com Ele; responde Tu a Ele porque Ele te falou primeiro e se queres seguir ouvindo o que falta, escuta o que Ele já te disse.

Não peças a Deus que te liberte desconhecendo a liberdade que já te deu; anima-te a conhecer e viver tua liberdade e saberás que isso só foi possível porque Deus te quer livre.

Não peças a Deus que te ame enquanto tiveres medo de amar e de saber-te amado. Ama-O, tu, e saberás que se há calor é porque houve fogo, e que se tu podes amar é porque Ele te amou primeiro!"

(Santo Agostinho)


terça-feira, 9 de abril de 2013

Medicina da morte


Título forte, polêmico? Não, caro leitor. É a expressão concreta do sentimento de milhões de brasileiros diante de recente proposta feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para a liberação do aborto até a 12.ª semana de gestação. O presidente do CFM, Roberto D'Ávila, na defesa de uma decisão que está em rota de colisão com a ética médica, esgrime argumentos que não param em pé: "Vivemos em um Estado laico. Seria ótimo que as decisões fossem adotadas de acordo com o que a sociedade quer e não como o que alguns grupos permitem". A estratégia de empurrar os defensores da vida para o córner do fundamentalismo religioso já não cola.
Um embrião e um feto (e querem promover o aborto no terceiro mês da gravidez) são também pessoas, tanto do ponto de vista científico como filosófico. É falsa a afirmação de que o feto faz parte do corpo da mãe e que a mãe pode abortar por ter direito sobre o seu próprio corpo. Na verdade, a mãe é a hospedeira, protetora e nutriz de um novo ser diferente dela, um outro indivíduo. Biologicamente, o ser que está aconchegado no seio da mãe é idêntico ao que estará sentado no seu colo com 3 meses ou à mesa com ela quando tiver 15, 20 ou 50 anos de idade. O embrião é distinto de qualquer célula do pai ou da mãe; em sua estrutura genética, é "humano", não um simples amontoado de células caóticas; e é um organismo completo, ainda que imaturo, que - se for protegido maternalmente de doenças e violência - se desenvolverá até o estágio maduro de um ser humano.
Aprovar a autorização legal para abortar, como bem comentam os filósofos Robert P. George e Christopher Tollefsen em seu livro Embryo: a Defense of Human Life, é dar licença para matar uma certa classe de seres humanos como meio de beneficiar outros. Defender os direitos de um feto é a mesma coisa que defender uma pessoa contra uma injusta discriminação - a discriminação dos que pensam que há alguns seres humanos que devem ser sacrificados por um bem maior. Aí está exatamente o cerne da questão, que nada tem que ver com princípios religiosos nem com a eventual crença na existência da alma.
Hoje o que está sendo questionado não é tanto a realidade biológica, inegável, a que acabo de me referir, é coisa muito mais séria: o próprio conceito de "humano" ou de "pessoa". Trata-se, portanto, de uma pergunta de caráter filosófico e jurídico: quando se pode afirmar de um embrião ou de um feto que é propriamente humano e, portanto, detentor de direitos, a começar pelo direito à vida?
O desencontro das respostas científicas - evidente - acaba deixando a questão sem um inequívoco suporte da ciência. Fala-se de tantos dias, de tantos meses de gravidez... E se chega até a afirmar, como já foi feito entre nós, que só somos seres humanos quando temos autoconsciência. Antes disso, só material descartável ou útil para laboratório. Mas será que um bebê de 2 meses ou de 2 anos tem "autoconsciência"?
Perante essa perplexidade, é lógico que se acabe optando pelo juridicismo. Cada vez mais, cientistas e juristas vêm afirmando que quem deve decidir o momento em que começamos a ser humanos e, em consequência, a ter direito inviolável à vida é a lei de cada país. E é isto que querem fazer: embutir o aborto na reforma do Código Penal. Ora, essas leis, por pouca informação que se tenha, variam de um país para outro e dependem apenas - única e exclusivamente - de acordos, do consenso a que chegarem os legisladores. Em muitos casos, mais que uma questão de princípios, decidir-se-á por uma questão de pressões, ou por complexos comparativos, isto é, pelo argumento de que não podemos ficar atrás dos critérios legais seguidos pelos países desenvolvidos. Mas nem pressões nem complexos parecem valores válidos para decidir sobre vidas humanas.
Quanto ao "consenso por interesse", é útil recordar que fruto dele foi a legislação que durante séculos definiu uma raça ou um povo como legalmente infra-humanos e, portanto, podendo ser espoliados de direitos e tratados como "coisas", também para benéficas experiências científicas: caso do apartheid dos negros na África do Sul e dos judeus aviltados e trucidados pela soberania "democrática" nazista.
O juridicismo, hoje prevalente, equivale a prescindir de qualquer enfoque filosófico e naufragar nas águas sempre mutáveis do relativismo. Nada tem um valor consistente, tudo depende do "consenso" dos detentores do poder, movidos a pressões de interesses. Mas se é para falar de consenso democrático, todas as pesquisas, sem exceção, têm sido uma ducha de água fria na estratégia pró-aborto. O brasileiro é contra o aborto. Não se trata apenas de uma opinião, mas de um fato medido em sucessivas pesquisas de opinião. O CFM, representando uma minoria, está promovendo uma ação nitidamente antidemocrática.
Não obstante a força do marketing emocional que apoia as campanhas pró-aborto, é preocupante o veneno antidemocrático que está no fundo dos slogans abortistas. Não se compreende de que modo obteremos uma sociedade mais justa e digna para seres humanos (os adultos) com a morte de outros (as crianças não nascidas).
Além disso, não sei como o Conselho Federal de Medicina consegue articular sua proposta pró-aborto com o juramento hipocrático. A posição da atual diretoria desse conselho, tal como amplamente veiculada pelos meios de comunicação, não parece condizer com o compromisso sobre o qual todos os médicos, velhos ou novos, algum dia juraram. Não creio que o CFM represente o pensamento daqueles que, um dia, prometeram solenemente empenhar sua profissão, seu saber e sua ciência na defesa da vida.

(Fonte: Estadão – Carlos Alberto Di Franco)
* Carlos Alberto Di Franco é doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, diretor do departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS). 


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Castidade


A sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, na sua unidade de corpo e alma. Por isso a castidade é imprescindível para o seguimento de Cristo, para o respeito aos outros e para uma ordem social justa, na qual o corpo e os sentimentos – e com eles a pessoa – não se convertam em meros instrumentos de prazer.
O título é esse mesmo: Castidade. Sem anestesia. Um título que é politicamente incorreto porque, segundo os cronistas atuais, o correto seria afirmar que os ensinamentos católicos em matéria de sexo são – ou parecem ser – “aberrações”, como dizem algumas páginas na Internet e alguém do alto escalão da Comunidade Européia. Evidentemente não concordo com essa afirmação, mas respeito quem as fez. Mais ainda: quero escrever de forma positiva, tanto ao referir-me às opiniões contrárias como ao tratar da própria virtude, que no dizer de São Josemaría Escrivá “é uma afirmação gozosa” (Amigos de Deus, nº 177).
Embora a autoridade em doutrina católica seja o Magistério da Igreja, não faz mal citar estas palavras de Goethe: “Pensamentos grandes e coração puro, isso é o que teríamos que pedir a Deus”, pois elas de algum modo sintetizam a castidade.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, na sua unidade de corpo e alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão para criar vínculos de comunhão com os outros” (n. 2332). Parece-me que os pensamentos grandes e o coração limpo do genial Goethe são mais fáceis de cultivar nesse contexto em que o Catecismo resume a sexualidade. Basta pensar na referência que faz à pessoa humana inteira, e já se pode descartar que a sexualidade seja somente o uso dos órgãos genitais. Uma sexualidade que se resuma a isso é muito pobre; mais ainda: pode corroer-se e ser destruída, corrompida pela busca constante de novas sensações, que logo ao nascerem já envelhecem.
Um pouco mais à frente o Catecismo acrescenta: “A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e com isso a unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e temporalmente ilimitada, do homem e da mulher. A virtude da castidade comporta, portanto, a integridade da pessoa e a integralidade da doação”.
Essas linhas expressam muitas idéias:

– A sexualidade procede da corporalidade, mas se integra na pessoa que se relaciona com outra pessoa na forma de uma doação mútua entre o homem e a mulher, mediante vinculação permanente que chamamos matrimônio.

– A integração na pessoa alude à sua unidade, uma unidade que não tolera nem a dupla vida nem a dupla linguagem. Isso implica um domínio de si próprio para ser fiel ao dom que faz à outra pessoa.

– A sexualidade se realiza num homem e numa mulher cuja capacidade unitiva e procriativa estão entrelaçadas de forma harmônica com todos os aspectos do seu próprio ser.

Talvez seja por isso que Lacordaire disse que “a castidade não é uma virtude própria do claustro e dos iniciados. É uma virtude moral e social, uma virtude necessária para a vida do gênero humano”. É imprescindível para o seguimento de Cristo, para o respeito aos outros e para uma ordem social justa, na qual o corpo e os sentimentos – e com eles a pessoa – não se convertam em meros instrumentos de prazer. Santo Agostinho ia muito mais longe ao comentar a conhecida bem aventurança: “Queres ver a Deus? Escuta-O: Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Em primeiro lugar pensa na pureza do teu coração; aquilo que nele vejas que desagrada a Deus, elimina-o.”
Por essas e por outras razões – também de tipo natural – a Igreja pede a virtude da castidade a todos os que queiram seguir a Cristo, quer sejam solteiros ou casados. Aos solteiros lhes exige a continência total; aos casados, que os atos próprios do amor conjugal estejam abertos à vida. Isso porque a pureza – como disse João Paulo II – “sempre é exigida pelo amor: é a dimensão da sua verdade interior no coração do homem”. Se há amor verdadeiro no coração, há de manifestar-se externamente de modo casto: “Onde não há amor a Deus, reina a concupiscência” (Santo Agostinho).
Pode-se argumentar dizendo que há católicos que vivem à margem desses ensinamentos. Sabemos muito bem que eles existem, mas esse comportamento não somente não altera em nada a doutrina de Cristo – como o fato de haver ladrões não implica que o roubo deva ser permitido – como também não é irrevogável: sempre podemos ser o filho pródigo que regressa à casa do Pai mediante o Sacramento da Penitência.
Também se pode afirmar que ser casto exige um heroísmo impossível. Não é bem assim quando – além de contar com a ajuda de Deus na oração e nos sacramentos – se sabe antepor ao sexo outros interesses mais fortes: a fé, a família, o trabalho, o serviço aos outros, gostos humanos nobres, etc. E também empreender a luta: a boa ascética cristã, que não fabrica super-homens, mas sim pessoas que sabem o que é fortaleza e vontade firme. “Gravai-o na vossa cabeça – diz São Josemaría comparando a castidade às asas, que embora pesem são imprescindíveis para voar – decididos a não ceder se notais a mordida da tentação, que se insinua apresentando a pureza como um fardo insuportável. Ânimo! Para o alto! Até o sol, à caça do Amor” (Amigos de Deus, nº 177).

(Pablo Cabellos Llorente)


domingo, 7 de abril de 2013

Senhor Misericordioso, como é grande o teu amor por mim, pecador!



“Senhor Misericordioso, como é grande o teu amor por mim, pecador! Permitiste-me que te conhecesse; deste-me a provar a tua graça. «Saboreai e vede como o Senhor é bom» (Sl. 33,9). Deixaste que eu saboreasse a tua bondade e a tua misericórdia, e insaciavelmente, dia e noite, a minha alma é atraída por ti. A alma não pode esquecer o seu Criador, porque o Espírito divino lhe dá forças para amar aquele que ela ama; Não pode saciar-se, mas deseja sem cessar o seu Pai celeste.
Feliz a alma que ama a humildade e as lágrimas e que odeia os maus pensamentos. Feliz a alma que ama o seu irmão, porque o nosso irmão é a nossa própria vida. Feliz a alma que ama o seu irmão; ela sente em si a presença do Espírito do Senhor; Ele dá-lhe paz e alegria e chora pelo mundo inteiro.
A minha alma recordou-se do amor do Senhor e o meu coração acalentou-se. A minha alma abandonou-se a uma profunda lamentação, porque ofendi tanto o Senhor, meu Criador bem amado. Mas Ele não se recordou dos meus pecados; então a minha alma abandonou-se a uma lamentação ainda mais profunda para que o Senhor tenha misericórdia de cada homem e o leve para o seu Reino celeste. A minha alma chora pelo mundo inteiro.”
  
(São Siluane de Athos, Monge)